domingo, 15 de outubro de 2017

atos fractais - 03 uma vida incomum como qualquer um





atos fractais


Um pedaço representa o todo? Pequenos atos têm me dado informações sobre quem os pratica. Quem joga na rua o lixo que tem na mão me informa que não cuida dos outros. E talvez não cuide dos outros porque não aprendeu cuidar de si. Imagino: se não cuida de si, como cuidará de outros?

Mas, como diz Barreto, o Adalberto de Paula, só reconheço no outro o que conheço – tenho? – em mim. Pelo que percebo, outros pequenos atos me denunciam. Se jogo lixo no chão, se falo grosso, se furo fila, se bato em criança, se desperdiço água, se critico alegria, se rio das pegadinhas, da desgraça do outro...

Parece óbvio,
mas só há pouco tempo constatei que meu humor tem sido meu melhor indicador: se estou de bom humor, estou bem.

Agora sei que só consigo comunicar-me com quem me escuta. E vice versa. A comunicação se dá quando entendo o que me foi dito. E sou entendido.

Eu me sinto bem com cada ato que realizo para difundir o que sinto me faz bem. Ouvi e concordo: minha saúde é coisa muito séria para ficar nas mãos de outros. Se não cuido de mim, quem cuidará? A autonomia que me permito, desejo a cada um que a deseje.

O sítio de mamãe chamava sossego. Era seu desejo. Sem saber disso, meu terapeuta Romel sintetizava em cumprimento: saúde, sucesso, sossego.

Há espectadores que acreditam mais na TV que na realidade?

Em mim, é lento o processo de absorção de uma nova ideia, de mudança de comportamento. Há 7 anos desejo um sofá. Há 35 quero escrever um livro. Há 50 sonho ser dono do meu próprio nariz.

O que é novo me incomoda, me ameaça. Já desenhei o sofá, tento pela enésima vez escrever um livro, mas inda confundo meu nariz com o de outros.

Com defesas ativas como as minhas – que atrapalham a realização dos meus desejos originais – imagino quantas inovações, descobertas filosóficas, tecnológicas, insights, invenções, criações... estão disponíveis para a humanidade e não nos chegam ao conhecimento.

Percebo
que boa parte dos custos de empresas e empreendimentos é gerada pelos controles. Controlar dá trabalho, dá despesas. Por outro lado, a necessidade de controles diminui quando confianças mútuas estão presentes. Nas relações pessoais, familiares isto é nítido.

Tenho certo que necessidades de controle diminuem, se cultivadas relações de confiança. O medo gera controles. O amor gera confiança.

Percebo em minha prática individual que quando remunero satisfeito – financeira e emocionalmente – serviços que me são prestados, recebo de volta empenho espontâneo, com envolvimento e boa vontade. Quando cuido do outro, o outro cuida de mim, naturalmente.

Admiro a inteligência dos empresários que repartem lucros com quem com eles trabalha. É natural que cada trabalhador reconhecido se sinta reconhecido. E, tanto como se fosse seu, passa a melhor cuidar de tudo ligado ao trabalho: seja de equipamentos e insumos, seja de relações humanas com o público, colegas, demais stakeholders.

Administrador, gerente que cuida de quem trabalha próximo dorme tranquilo, vive melhor, tem assunto com os filhos. Não precisa esconder dos filhos malfeitos para os quais colabore. Feitores – antigamente? – tinham esta função: obrigar ao outro fazer o que não quer. Administrador que age amorosamente tem retorno amoroso. Parece complicado, mas é simples. É o tal do amor. O tao do amor?

Luiz Fernando Sarmento









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