quinta-feira, 22 de junho de 2017

Que sociedade desejo? - uma vida incomum como qualquer um 46

    



uma vida incomum como qualquer um 46

Que sociedade desejo?

1
Somos todos inteligentes. Uns têm facilidade com matemática, outros com línguas, uns são generalistas, outros cientistas. Alguns têm inteligência concreta, outros abstrata. Uns são inteligentes nas emoções, outros são duros, duros. Inteligência mesmo, sinto, exercito quando utilizo minha inteligência para facilitar o estar contente.

2
Uma fala, já sei, pode ser fora de ordem. Cada um edita, coloca em sua própria ordem, de acordo com suas prioridades conscientes... ou não.

3
E se em encontros cada um se apresentasse, eu também, expressando o que é - ou sente que é -,não o que faz? Esta aprendi com Michel.

4
Sonhos, ideias, reflexões antecedem ações. Caos antecede ordenação. O emocional como pano de fundo. Atos falhos não falham. Insights abrem outras janelas.

5
Reflexões. Dou o livro que gosto, não o que o outro deseja. Só dá quem tem. Se não me permito, a outros inibo.

6
Pra facilitar minha prática, não me canso de lembrar o dito que penso ser de Tom Jobim: democracia é muito bom. Lá em casa pratico todo dia.

7
Que sociedade desejo? Quando converso sobre isto com quem intenciono ser parceiro, fico impressionado como somos diferentes. Foco no que somos e no que desejamos em comum.

8
Do que entendi, eficiência se refere a quando faço bem o que me proponho. Eficácia é quando há resultados. Efetividade é quando os resultados permanecem, frutificam.

9
Facilita uma parceria, quando descobrimos interesses comuns. A imagem que vem: sabe o símbolo olímpico, composto por aquelas argolas entrelaçadas? Imagine que parte de uma argola – que me representa – superpõe parte de outra argola, que representa você. Esta área que é comum às duas argolas representa o que temos em comum. Já a parceria acontecerá em função da iniciativa de cada um de nós e do nosso consenso.

10
Cada um de nós tem algo a oferecer e procura por algo. Há pessoas que oferecem o que outros procuram e vice versa. Questão agora de se encontrarem. Assim se formam casais, comunidades, sociedades, redes.

11
Quando chego na hora ao encontro, estou dizendo: eu te respeito, eu me respeito. Quando chego atrasado, desconfio de mim: será que me sinto superior ao outro? E, se sim, que complexo de inferioridade escondo neste aparente sentimento de superioridade?

12
Quando falo e não escuto, é que não quero ouvir? Neste momento, estou fechado em mim? Não me interessa o outro?

13
Em algum momento, quando eu ainda no Sesc, escrevi como lembrança: Nestes momentos de incertezas, desconfio que a necessidade que sinto de ser solidário é a contrapartida que ofereço por necessitar de solidariedade. Tudo isto relacionado ao medo de deixar o Sesc, onde, identificado com sua missão, ganho para trabalhar em benefício de menos favorecidos.

Quem não conhece o que faço, não valoriza o que faço, não me reconhece. E vice versa, uma vez que também eu não conheço o que fazem os que se propõem pautar minha vida e as vidas dos que aqui trabalham. Nesta crise, opto por me orientar pelo meu senso ético e pela missão original da instituição. Procuro prestar serviços em favor do público que, direta ou indiretamente, me remunera para dele cuidar.

Dói entrar no espaço do Sesc-Senac Flamengo e ver um evento caro, sobre Coco Chanel, sendo preparado para um público limitado.

Como a do Senac, a missão original do Sesc se dissolve. E o foco já não é o seu público, os comerciários e seus dependentes. Freio o impulso de demitir-me quando faço as contas mensais da sobrevivência. Decido então continuar aplicando meu tempo de trabalho no que meu senso ético me orienta. Minhas
ações se guiam pela missão original ampliada: utilizando o que está ao meu alcance, no meu campo de poder, cuido em contribuir para o bem-estar dos comerciários, seus dependentes. E das comunidades populares onde vive grande parte das suas famílias.

Assisti à transformação da Globo Vídeo num departamento da Som Livre. Ali a intenção era claramente diminuir custos, racionalizar negócios. Ali, nas empresas Globo, a ideologia era a do lucro. Já o Sesc objetiva lucro social. Não entendo quando agora se fala do Sesc como empresa, quando ações priorizam a visibilidade mais que os conteúdos.


Luiz Fernando Sarmento







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