uma vida incomum como qualquer um 33
manual de manutenção
Se a vida é uma escola, qual meu dever de
casa? Realizar meus desejos, ser sincero comigo, respeitar meus sentimentos? E na
relação de namoro, casamento?
Hoje uma tristeza que freia. Só, sinto falta
do aconchego, do calor, da doçura. Da calma, do prazer que acalma. Sinto um
desejo difuso, não é claro o que desejo. Tento pelas bordas, pinço então o que
não desejo – ser alvo de ciúmes, hora marcada pra tesão, ser cobrado pelo que
não sou nem me comprometi.
Clareia um pouco, sei que quero do bom que
provei, usufruí. Ser desejado pelo que sou, como desejo pelo que é. O mel do
beijo quente, ativo. O arrepio do olhar, do toque. A sensação de eternidade, ausência
do tempo. A pulsação, em que do nada me espalho em ondas. Nestes momentos,
memória e futuro ausentes, só presente o presente.
Dados de realidade, nem eu nem ninguém que conheço
tem só as qualidades que me atraem. Sempre uma mistura de atrações e recusas.
Sinto também que não devo, antes de conhecer, definir a quem procuro. Devo
então permanecer atento aos sinais em mim. Os batimentos do coração, as livres associações,
os atos falhos, os sentimentos. Se quero e me permito despertar variações, já
sei, um filme bom, uma festa, alguns arriscos. Reconheço, dá trabalho me manter
vivo como me gosto.
Ao editor
Imaginei um espelho como capa do livro. E as páginas
iniciais brancas, como um caderno novo disponível pro leitor. O formato, de
bolso. Ou aquele que facilita xerox? Letras de forma e tamanho que facilitem a
leitura. Aquele papel meio amarelo claro. Textos enxutos, conteúdos e estilos variados,
mistura de subjetivo e objetivo. Ora ficção, ora realidade. Entrelinhas que estimulem
atenção. Em algum momento a sugestão: leia aos poucos, em momentos calmos.
E > é permitido acrescentar, reproduzir e distribuir para fins humanitários.
Um livro como um meu retrato, o meu eu idealizado.
Imaginei um livro como movimento. E um leitor
que simplesmente leia. Ou – se lhe convier – ao se identificar, amplie,
invente, acrescente e assine, multiplique, distribua, de acordo com seus
desejos e possibilidades. Gosto muito de uma regra de ouro, faça ao outro o
que deseja para si.
Luiz
Fernando Sarmento
Nenhum comentário:
Postar um comentário