terça-feira, 23 de maio de 2017

manual de manutenção - uma vida incomum como qualquer um 33




uma vida incomum como qualquer um 33

manual de manutenção


Se a vida é uma escola, qual meu dever de casa? Realizar meus desejos, ser sincero comigo, respeitar meus sentimentos? E na relação de namoro, casamento?

Hoje uma tristeza que freia. Só, sinto falta do aconchego, do calor, da doçura. Da calma, do prazer que acalma. Sinto um desejo difuso, não é claro o que desejo. Tento pelas bordas, pinço então o que não desejo – ser alvo de ciúmes, hora marcada pra tesão, ser cobrado pelo que não sou nem me comprometi.

Clareia um pouco, sei que quero do bom que provei, usufruí. Ser desejado pelo que sou, como desejo pelo que é. O mel do beijo quente, ativo. O arrepio do olhar, do toque. A sensação de eternidade, ausência do tempo. A pulsação, em que do nada me espalho em ondas. Nestes momentos, memória e futuro ausentes, só presente o presente.

Dados de realidade, nem eu nem ninguém que conheço tem só as qualidades que me atraem. Sempre uma mistura de atrações e recusas. Sinto também que não devo, antes de conhecer, definir a quem procuro. Devo então permanecer atento aos sinais em mim. Os batimentos do coração, as livres associações, os atos falhos, os sentimentos. Se quero e me permito despertar variações, já sei, um filme bom, uma festa, alguns arriscos. Reconheço, dá trabalho me manter vivo como me gosto.

Ao editor

Imaginei um espelho como capa do livro. E as páginas iniciais brancas, como um caderno novo disponível pro leitor. O formato, de bolso. Ou aquele que facilita xerox? Letras de forma e tamanho que facilitem a leitura. Aquele papel meio amarelo claro. Textos enxutos, conteúdos e estilos variados, mistura de subjetivo e objetivo. Ora ficção, ora realidade. Entrelinhas que estimulem atenção. Em algum momento a sugestão: leia aos poucos, em momentos calmos. E > é permitido acrescentar, reproduzir e distribuir para fins humanitários. Um livro como um meu retrato, o meu eu idealizado.

Imaginei um livro como movimento. E um leitor que simplesmente leia. Ou – se lhe convier – ao se identificar, amplie, invente, acrescente e assine, multiplique, distribua, de acordo com seus desejos e possibilidades. Gosto muito de uma regra de ouro, faça ao outro o que deseja para si.

Luiz Fernando Sarmento







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