uma vida incomum como qualquer um 06
redes
Fecho os olhos
e respondo a mim
mesmo: o que aqui procuro? O que aqui ofereço? Imagino agora que posso
expressar para todos: o que procuro e o que ofereço. Se este canal de
comunicação se estabelece entre eu e outros, tendo cada um de nós esta
liberdade de comunicação, estaremos em rede.
Sei, imagino que
todos sabemos, que conhecimento é poder. E compartilhar conhecimento é compartilhar
poder.
Cássio Martinho me
ensinou: rede é um esforço individual e coletivo de comunicação, um
compartilhamento de informações. Na rede, ausência de hierarquia, presença de
iniciativa espontânea de quem participa. Eu praticava redes e não sabia.
Redes fazem parte
de um processo que pode chegar a transformações individuais e coletivas. Comunicações
entre pessoas possibilitam criação de relações, vínculos, confianças,
descobertas de interesse comuns – temáticos, territoriais... E trocas,
construções de parcerias, realizações de objetivos comuns. Assim se formam
capitais sociais.
Trabalhos sociais e
comunitários dependem diretamente da participação coletiva, de cada um. Redes
espontâneas: uma criança nasce, a tia telefona pra prima, que telefona pra avó,
que fala pros netos, que espalham pros amigos... A rede nasce, cumpre sua
função, desaparece. E reaparece quando necessária. Muitos agora sabem que a criança
nasceu.
São inúmeros os
tipos de redes: presenciais, virtuais, fomentadas, redes de redes. Redes são diferentes
de cadeias. Redes pressupõem espontaneidade, ausência de hierarquia. Cadeias
não: têm gente que manda em gente. Redes quando se somam, se multiplicam.
Multiplicam de tamanho quando se articulam com outras redes. Por exemplo, quando
se comunicam entre si – movidos por interesse comuns – setores públicos,
setores privados, movimentos populares.
Facilita a formação
de redes presenciais a ausência de discriminação de raça, crença, facção,
partido político, ideologia, gênero, sexo... Também um espaço neutro, onde cada
participante se sinta à vontade, seja evangélico, espírita, católico, budista, maometano,
taoísta, ateu, agnóstico, duvidoso... Ou negro, branco, mulato, amarelo,
albino, pobre, rico, remediado, democrata, liberal, socialista, anarquista,
hétero, homo, bi, pan...
Expansões da rede
são estimuladas quando disponibilizadas informações básicas – lista de
presenças, com telefones, e-mails... – tanto durante os encontros quanto logo
depois virtualmente pela internet. Mais ainda se também distribuídos, para cada
um e para todos, os classificados sociais, que são descrições das ofertas e
procuras que aconteceram durante os encontros. Os Classificados Sociais e as
Listas de Participantes servem para facilitar contatos e intercomunicações.
Tendo estas
informações em mãos, depende de cada um a iniciativa de contatar e articular
parcerias. E, naturalmente – base para relações humanas
saudáveis –
vínculos afetivos fortalecem redes.
Luiz Fernando Sarmento
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