sexta-feira, 21 de abril de 2017

Linha do tempo - uma vida incomum como qualquer um 07



uma vida incomum como qualquer um 07

Linha do tempo

Desde cedo trabalho. Hoje vejo o que plantei – onde investi minha vida, meus tempos e energias – e, acredito, compreendo um tanto porque me sinto bem à medida que amadureço.

Em casa engraxava sapatos aos sábados, ajudava a passar a cera no assoalho, colaborava um pouco nos serviços domésticos. Aos 12, informalmente, vendi cestas de natal Titanus. Aos 16, dei aulas particulares de matemática. Aos 17 ou 18, primeira carteira assinada, auxiliar administrativo de uma distribuidora de bebidas.

Em seguida, ou paralelo, não lembro, repórter policial do Jornal de Montes Claros. E fundei e publiquei, com amigos, o Setentrião, jornal distribuído gratuitamente.

Já na Universidade de Brasília, fui monitor de estatística. Nas férias estagiei em escritório de planejamento e elaboração de projetos. Dei aulas pela Fundação Educacional do Distrito Federal, trabalhei no Ministério da Agricultura, no Fundo Federal Agropecuário, um pouco para o Ministério da Educação. Com parceiros, montamos uma pequena tecelagem de camisas de malha.

No Rio, agora no INCRA, participei de um grupo de trabalho que preparava uma reforma agrária: cuidei da seleção e treinamento de captadores de dados relativos a parceiros, arrendatários, proprietários rurais...

Em Amsterdam, quase como umas férias, descobertas pra vida inteira, ampliação de visão de mundo. Em Londres fui modelo para desenhistas, operário de obra, porteiro e vendedor de sorvetes num teatro, voluntário na feitura de pães integrais.

De volta ao Rio, funções variadas em um punhado de longas-metragens. Assessorei a direção da Embrafilme e, ainda lá, cuidei por seis meses do programa Coisas Nossas, veiculado pela TV Educativa. Na Globo Vídeo fui gerente de marketing sem saber direito o que era. Pulei para novos negócios. Na Fundação Roberto Marinho dei continuidade ao Vídeo Escola, projeto que escrevi – a pedido da instituição anterior – e gerenciei a implantação.

No correr da vida realizei registros em vídeo, especialmente na área psi, que sempre me atraiu. Com Ralph Viana, Valéria Pereira e muitos voluntários e parceiros ativos realizamos, no Parque Lage, o simpósio Alternativas no Espaço Psi – Psicologia, Psiquiatria e Psicanálise.

Antes, durante anos, colaborei com a Rádice, revista de psicologia. Um pouco com o Luta & Prazer, jornal libertário de espírito juvenil. Fui sócio de uma livraria, a Espaço Psi. Estive em Moçambique, como cooperante junto ao Instituto Nacional de Cinema.

Realizei e produzi, só ou com parceiros, algumas dezenas de vídeo-registros e documentários. Na maioria, singelos, focados mais nos conteúdos que nas formas. Candomblé, Ilha Grande, Energia da Vida, Auto-hemoterapia, Aparelhos Orgônicos, Aids – Boas Notícias, uma série: Psicoterapias Corporais. E Quilombo, Folhas Sagradas, Terapia Comunitária, outra série – Rio, Estado de Alegria. Também Artistas de Rua, Una Madre de Plaza de Mayo, Práticas Chinesas de Auto Cura...

Na década de 80, criei e experimentei um método, Videomobilização: os limites dos conteúdos eram nossos limites, a propriedade da imagem e do som era da pessoa objeto de gravação. Sugeríamos que, quando assistisse o que foi gravado – só ou em companhia do seu terapeuta – desse mais atenção aos sentimentos provocados pela sua própria imagem e sons. Compreensões mais profundas corresponderiam a insights tão desejados. Muitos dos clientes eram terapeutas.

Luiz Fernando Sarmento








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