uma vida incomum como qualquer um 07
Linha do tempo
Desde cedo
trabalho. Hoje vejo o que plantei – onde investi minha vida, meus tempos e
energias – e, acredito, compreendo um tanto porque me sinto bem à medida que
amadureço.
Em casa engraxava
sapatos aos sábados, ajudava a passar a cera no assoalho, colaborava um pouco nos
serviços domésticos. Aos 12, informalmente, vendi cestas de natal Titanus.
Aos 16, dei aulas particulares de matemática. Aos 17 ou 18, primeira carteira
assinada, auxiliar administrativo de uma distribuidora de bebidas.
Em seguida, ou paralelo,
não lembro, repórter policial do Jornal de Montes Claros. E fundei e
publiquei, com amigos, o Setentrião, jornal distribuído gratuitamente.
Já na Universidade
de Brasília, fui monitor de estatística. Nas férias estagiei em escritório de planejamento
e elaboração de projetos. Dei aulas pela Fundação Educacional do Distrito
Federal, trabalhei no Ministério da Agricultura, no Fundo Federal Agropecuário,
um pouco para o Ministério da Educação. Com parceiros, montamos uma pequena
tecelagem de camisas de malha.
No Rio, agora no
INCRA, participei de um grupo de trabalho que preparava uma reforma agrária:
cuidei da seleção e treinamento de captadores de dados relativos a parceiros,
arrendatários, proprietários rurais...
Em Amsterdam, quase
como umas férias, descobertas pra vida inteira, ampliação de visão de mundo. Em
Londres fui modelo para desenhistas, operário de obra, porteiro e vendedor de
sorvetes num teatro, voluntário na feitura de pães integrais.
De volta ao Rio,
funções variadas em um punhado de longas-metragens. Assessorei a direção da
Embrafilme e, ainda lá, cuidei por seis meses do programa Coisas Nossas,
veiculado pela TV Educativa. Na Globo Vídeo fui gerente de marketing sem saber
direito o que era. Pulei para novos negócios. Na Fundação Roberto Marinho dei
continuidade ao Vídeo Escola, projeto que escrevi – a pedido da instituição
anterior – e gerenciei a implantação.
No correr da vida
realizei registros em vídeo, especialmente na área psi, que sempre me atraiu.
Com Ralph Viana, Valéria Pereira e muitos voluntários e parceiros ativos
realizamos, no Parque Lage, o simpósio Alternativas no Espaço Psi –
Psicologia, Psiquiatria e Psicanálise.
Antes, durante
anos, colaborei com a Rádice, revista de psicologia. Um pouco com o Luta
& Prazer, jornal libertário de espírito juvenil. Fui sócio de uma
livraria, a Espaço Psi. Estive em Moçambique, como cooperante junto ao Instituto
Nacional de Cinema.
Realizei e produzi,
só ou com parceiros, algumas dezenas de vídeo-registros e documentários. Na
maioria, singelos, focados mais nos conteúdos que nas formas. Candomblé, Ilha
Grande, Energia da Vida, Auto-hemoterapia, Aparelhos Orgônicos, Aids – Boas
Notícias, uma série: Psicoterapias Corporais. E Quilombo, Folhas Sagradas, Terapia
Comunitária, outra série – Rio, Estado de Alegria. Também Artistas de Rua, Una
Madre de Plaza de Mayo, Práticas Chinesas de Auto Cura...
Na década de 80,
criei e experimentei um método, Videomobilização: os limites dos
conteúdos eram nossos limites, a propriedade da imagem e do som era da pessoa
objeto de gravação. Sugeríamos que, quando assistisse o que foi gravado – só ou
em companhia do seu terapeuta – desse mais atenção aos sentimentos provocados
pela sua própria imagem e sons. Compreensões mais profundas corresponderiam a insights
tão desejados. Muitos dos clientes eram terapeutas.
Luiz Fernando Sarmento
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