Obá!
Alegria das boas.
jornal de Montes Claros, Minas Gerais,
acolhe o que escrevo,
publica minha primeira coluna,
página 2:
Livre pensar 01
Veneno para Crianças
Num mundo tão maluco como é o que
vivemos, a todo momento me pego querendo
que outras pessoas se modifiquem, para que este mundo seja modificado. E quase
sempre a alteração de comportamento de outras pessoas está fora do meu limite
de atuação.
Gostaria que as pessoas que detêm o
poder público fossem racionais e humanas, sábias, atuantes, ternas e de bom
humor. Mas não tem jeito, muitas delas não conseguem enxergar soluções que
parecem óbvias a pessoas que permanecem vivas.
Um exemplo próximo a todos nós é a
televisão, com programas influindo diretamente no comportamento de quem os
assiste: o moralismo, o preconceito, a violência, a fofoca quase sempre
presentes. E se são crianças os espectadores, a tristeza se multiplica: quase
24 horas por dia a televisão está deformando adultos do futuro.
O homem aprende do que vê, ouve,
tateia, cheira, bota na boca e sente. Desde criança transforma-se no que lhe é
apresentado como modelo.
Enfim: o homem amanhã deverá ser fruto
do que hoje aprende e sente. Quem hoje vê na TV a violência como ato rotineiro,
talvez rotineiramente conviverá com a violência. E naturalmente outros exemplos
de todos os momentos contribuem também para a deformação de homens de amanhã.
Ontem mesmo não nos disseram que éramos a esperança do futuro? Nós não somos
marcados pelos modelos que nos foram apresentados? O futuro de ontem não é
agora?
Sinto-me impotente diante de tantas
mudanças necessárias: o meu poder de influência sobre o atual estado das coisas
é mínimo. O que fazer?
De tudo isto e de não sei o que mais,
veio a necessidade de refletir sobre um homem novo. Falo por mim, cheio de
dúvidas. Sem a certeza absoluta nas reflexões e nos resultados. A certeza de
agora, o que acredito agora, tento traduzir.
Luiz Fernando Sarmento
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